À segunda emissão de Dezembro, mantém-se nomes da emissão anterior enquanto abrimos caminho por…bom, outros caminhos.
Para começar, temos um disco que estava alinhado para a semana anterior. A colaboração entre Jeremy Young & Shinya Sugimoto abre e fecha a hora, duas paredes abstractas que contêm tudo o que há-de passar por aqui. Seguem-se os Durutti Column, um clássico da música britânica.
Quanto a Nico, já a conhecemos o suficiente para que o seu trabalho mais mediático (o álbum da banana com os The Velvet Underground, a sua voz indissociável desse disco) não seja mais do que um pequeno apontamento no que, mais tarde, a sua carreira viria a produzir. No disco que ouvimos, The Marble Index, temo-la soturna, gótica, e amplamente experimental, a transformar a matriz folk (porque a sua voz e os poemas são ainda parte essencial) a composições bem mais experimentais que o habitual à época. O disco tem muito trabalho na produção por parte de John Cale, que recordaremos numa futura emissão. A este nome, segue-se o de Scott Walker; nem a propósito, pela mesma altura de Marble Index, Walker produzia ainda a sua pop de traços barrocos e épicos, mas o trabalho que lhe ouvimos, Tilt, regista já a tendência para outros territórios.
Por algum motivo, ouviu-se Robyn, uma vez mais – será que, afinal, o disco ficará recordado como algo mais? – mas é apenas um breve preliminar para Earl Sweatshirt, que finalmente lançou o seu novo disco. Some Rap Songs evita a estrutura de canção e apresenta-se impressionista e psicadélico – e como, em geral, as faixas são bastante curtas, ouvimos três de uma assentada.
Logo de seguida, ouvimos o momento que marca indelevelmente esta emissão como o mais ostensivamente bizarro: alguém teria imaginado Brian Wilson a dedicar-se ao hip-hop? Sentimos que, de certa forma, pomos o dedo numa ferida que demorou muitos anos a sarar – por esta altura, Wilson estava algo refém do agente maníaco e que abusou do seu muito débil estado mental -, mas, por outro lado…Wilson soa tão maravilhado com a tecelagem que compôs a partir de vários outros samples da sua carreira…portanto, façam a vossa escolha.
Para o final, temos um novo trabalho de Kelly Moran, que será deleite de muitos dos nossos ouvintes, e recuperamos, uma vez mais, Eiko Ishibashi.
1. Jeremy Young & Shinya Sugimoto – Fiction 4 (Total Fiction, 2017)
2. Durutti Column – Never Known (LC, 1981)
3. Nico – Lawns of Dawn (The Marble Index, 1968)
4. Nico – Ari’s Song (The Marble Index, 1968)
5. Scott Walker – Farmer In The City (Tilt, 1995)
6. Scott Walker – Farmer In The City (Tilt, 1995)
7. Robyn – Honey (Honey, 2018)
8. Earl Sweatshirt – Azucar (Some Rap Songs, 2018)
9. Earl Sweatshirt – Riot! (Some Rap Songs, 2018)
10. Earl Sweatshirt – Cold Summers (Some Rap Songs, 2018)
11. Brian Wilson – Smart Girls (Sweet Insanity, 2018)
12. Kelly Moran – In Parallel (Ultraviolet, 2018)
13. Eiko Ishibashi – A Ghost In a Train, Thinking (The Dreams My Bones Dream, 2018)
14. Jeremy Young & Shinya Sugimoto – Nocturne (Total Fiction, 2017)
https://ia601402.us.archive.org/32/items/alex_1208/DRT_AMOSCA_1208.mp3
Comentarios