Governo britânico volta a discutir uma possível saída para o Brexit, depois que o Parlamento chumbou, pela segunda vez, todos os planos alternativos ao acordo negociado pela primeira-ministra com a União Europeia.O Governo liderado pela primeira-ministra Theresa May reúne-se nesta terça-feira (02.04), em Londres, para avaliar o que vai fazer no processo do Brexit. O encontro acontece na sequência da segunda sessão de "votos indicativos", na segunda-feira, que chumbou os quatro planos alternativos ao acordo negociado por May em Bruxelas – que já foi rejeitado três vezes. Uma falta de consenso que deixa o Reino Unido numa situação delicada. É que se até ao próximo dia 12 de abril a Câmara dos Comuns não apresentar uma alternativa, poderá mesmo vir a abandonar o bloco sem um acordo. Mas este cenário de incerteza e pressão, dado o calendário, pode não ser negativo para todos. É o que diz o analista político Anand Menon. A falta de consenso no Parlamento pode vir a beneficiar Theresa May, diz. "Não há dúvida que o resultado desta segunda-feira é bom para Theresa May. A primeira-ministra pode sentir-se encorajada a levar o seu acordo a votos pela quarta vez e dizer aos deputados que tiveram a oportunidade de decidir em duas votações e não decidiram nada. Por isso, terão de votar neste acordo porque senão não haverá acordo na próxima semana", argumenta Anand Menon. Alternativas rejeitadas Nesta que foi a segunda sessão de votos indicativos no Parlamento britânico, os deputados votaram em quatro resoluções: a negociação de uma união aduaneira permanente com a União Europeia, a permanência do Reio Unido no mercado comum europeu (Mercado Comum 2.0), a realização de um novo referendo a qualquer acordo aprovado ou a revogação do Brexit caso não haja acordo. Mas, e pela segunda vez, nenhuma das propostas reuniu uma maioria. O que não quer dizer, defendeu o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que isso não venha a acontecer numa terceira votação. Segundo Corbyn, "se o acordo da primeira-ministra mereceu três votações, então eu sugiro que a Câmara dos Comuns deve ter a oportunidade de considerar outra vez as opções que estiveram em cima da mesa nesta segunda-feira, numa nova votação na quarta-feira". Será caso para dizer que à terceira é de vez? O líder da oposição parece estar confiante, pois, nota, na votação desta segunda-feira, a opção referente à criação de uma união aduaneira, que o Partido Trabalhista apoiava, foi chumbada apenas por três votos. Eleições? Entretanto, na reunião que o Governo pretende realizar nesta terça-feira, um dos temas em debate poderá ser a realização de eleições gerais, apontam alguns analistas. Em declarações aos jornalistas após a votação, o ministro da Saída da União Europeia, Stephen Barclay mostrou-se confiante que um consenso possa ser alcançado ainda esta semana – apesar de reconhecer o impasse. "O Governo continua a acreditar que a melhor opção é encontrar um caminho que permita ao Reino Unido sair com um acordo. Se a Câmara dos Comuns aprovasse um acordo até ao final da semana, talvez fosse possível evitar realizar eleições para o Parlamento Europeu". Uma opção que também poderia agradar ao bloco europeu, que já por várias vezes deu a entender que a paciência tem limites. Em declarações à imprensa, esta segunda-feira, antes da votação do Parlamento britânico, o presidente do Parlamento Europeu voltou a frisar que, agradando ou não a ambas as partes, mandam as regras da União Europeia. E que se o Reino Unido permanecer no bloco após 12 de abril, terá de participar nas eleições do Parlamento Europeu, agendadas para maio. Aos jornalistas, Jean-Claude Juncker, disse ainda que "testemunhamos hoje a quarta votação sobre o Brexit, se contei bem... E ninguém sabe o que se segue. Sabemos o que o parlamento britânico não quer, mas ainda não o ouvimos dizer o que quer. Basta deste silêncio". A União Europeia agendou, para o próximo dia 10 de abril, um Conselho Europeu de emergência para avaliar a situação e decidir o que fazer.
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