Primeira-ministra britânica Theresa May sofreu duro golpe com "não" do Parlamento a acordo de saída da União Europeia. Esta quarta-feira, enfrenta um novo obstáculo.432 deputados votaram, na terça-feira (15.01), contra o acordo do Brexit. No final da votação, a primeira-ministra britânica Theresa May reconheceu a derrota, que foi alavancada em parte pelo seu partido, uma vez que 118 dos votos contra foram de deputados conservadores. "O Governo ouviu o que os deputados nos disseram hoje, no entanto, peço a todas as alas da assembleia para que escutem o povo britânico, que deseja que esta questão seja resolvida, e que trabalhem com o Governo para o fazer", afirmou May. Esta foi a maior derrota de sempre de um Governo no Parlamento do Reino Unido. Afastamento de May? Nas primeiras horas desta quarta-feira, a primeira-ministra britânica deverá reunir-se com os seus ministros, um encontro no qual poderá ser aconselhada a renunciar devido à expressão da derrota na Câmara dos Comuns. No entanto, se May se mantiver à frente do Governo britânico, terá de enfrentar, ainda esta quarta-feira, uma moção de censura que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, apresentou poucos minutos após o anúncio dos resultados da votação sobre o acordo do Brexit. "Os resultados desta votação são uma derrota catastrófica para este Governo", salientou Corbyn. "Fico satisfeito por a moção de censura que apresentei ser debatida amanhã [quarta-feira]. Assim, a Câmara [dos Comuns] poderá dar o seu veredito sobre a incompetência deste Governo, votando a seu favor." Para ser bem-sucedida, a moção de censura precisa de pelo menos 320 votos a favor. No entanto, a oposição conta apenas com 308 dos 650 lugares que compõem a Câmara dos Comuns. Jeremy Corbyn precisaria, por exemplo, dos votos do Partido Democrata Unionista da Irlanda do Norte. Mas este partido, que é aliado do partido Conservador, já garantiu que, apesar de estar descontente com o acordo para o Brexit, não votará a favor da saída de Theresa May. Plano B Caso a moção de censura não passe, a primeira-ministra tem três dias para apresentar um plano alternativo. O mais provável, dizem os analistas, é que depois de reunir com outros partidos, Theresa May volte a Bruxelas em busca de mais garantias. O coordenador do Parlamento Europeu para o Brexit, Guy Verhofstadt, disse que "este resultado é a consequência do sistema político britânico, da luta entre a esquerda e a direita, entre o Partido Trabalhista e o Partido Conservador." "Não queremos que esta disputa seja transferida para a política europeia", frisou. "Por isso, vamos tentar encontrar uma solução antes das eleições europeias", marcadas para maio deste ano. Consequências para a União Europeia A rejeição do acordo no Parlamento britânico deixa o processo com um futuro incerto, o que não agrada à maioria dos líderes da União Europeia. Através da rede social Twitter, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, postou um comunicado onde escreve, por exemplo, que o "risco de uma saída desordenada do Reino Unido aumentou com a votação desta terça-feira". Juncker apela ainda ao Reino Unido para "clarificar tão cedo quanto possível as suas intenções." O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que "a pressão está agora do lado" de Londres, enquanto o ministro das Finanças alemão, o social-democrata Olaf Scholz, classificou esta terça-feira como "um dia amargo para a Europa". Está previsto que o Reino Unido deixasse a União Europeia a 29 de março deste ano. No entanto, o calendário começa a ficar apertado. O analista político Anand Menon alerta que é hora de tomar decisões. "Acho que esta derrota expressiva significa que a UE vai pensar seriamente sobre se vale a pena oferecer mais garantias, dado o número de parlamentares que a primeira-ministra tem de convencer", comenta.
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