Ridículo! Começaria dizendo que o amor é ridículo. Carregado de cenas sem nexos, com cortes sem sentido, recheado de buques bregas de flores, declarações e músicas melosas em cima de telhados. O amor é ridículo! E mais ridículo ainda é aquele que escolhe vivê-lo de outra forma senão essa.
O amor é feito para ser anunciado, escrito nas placas e nos stories das redes sociais. O amor é feito de roupas que não combinam, de trajes antiquados e de peças de teatro com uma cítara que fala a verdade! O amor é ridículo!
Extravagante, eu continuaria. Cheio de babados nos vestidos, blush e rímel. Rostos brancos de pancake e narizes veremelho-azulados. O amor é extravagante como um circo, cheio de anões, palhaços e mulheres suspensas pela força dos cabelos. O amor é extravagante, não mede palavras, gestos, anseios, ciúmes, zelo. O amor precisa ser gritado por vozes, cores, cheiros, toques. O amor é extravagante e cinzenta e parca é a vida de quem não o vive assim.
Caos, seria a próxima palavra. Uma desordem cinematográfica nas mãos do editor. Horas e horas de cenas gravadas sem a mínima ordem e organização. A necessidade de organizar numa linha do tempo racional o caos emocional vivido em um dia, uma semana, um mês… um minuto. Um grande bordel cheio de danças, músicas, risadas, prazeres, caricias e… o que mais? O amor não tem tempo e espaço. Ele se absorve do tempo e absorve o espaço, como um furacão cujo epicentro são duas pessoas em transe devorando tudo que encontram pela frente.
Dias tornaram-se semanas, semanas tornaram-se meses, e então em um dia nada especial, eu fui até minha máquina de escrever, me sentei e escrevi nossa história. Uma história sobre uma época, uma história sobre um lugar, uma história sobre as pessoas. Mas acima de todas as coisas uma história sobre amor. Um amor que viverá para sempre.
Moulin Rouge – Amor em Vermelho Exagerado! Para quase acabar. Ouro, diamantes, cores e vestidos. Pobreza, miséria, simplicidade e entrega. Presente e poesia. Presença e romantismo. O amor é um exagero, seja ele qual for. Seja ele em baixo da ponte ou nas ruas de Paris. Seja ele num acesso de ciúme doentio, seja ele num revólver a ricochetear na torre Eiffel.
Shakespeariano, para finalizar. Porque o amor é dramático, é recheado com um pitada de finitude, de desafio, de impedimento. O amor não é simples. A paixão é, mas o amor não. O amor é construção, é luta, é briga, é desacordos para a construção do maior acordo. É, por fim, e com um fim ao bom modo greco-inglês, banhado nas cor vermelha, da paixão e do sangue. Porque o amor exige até sua última gota de sangue, de alma, de suspiro. Ao bom modo das tragédias, o amor grita no primeiro ato o aviso: “ame o quanto antes e busque ser amado, vai saber quem, nesta peça, chegará ao ato final.”
O amor, para acabar, não pede nada em troca, a não ser, o amor.
Eu não te devo nada. E você não é nada para mim. Obrigado por me curar da minha ridícula obsessão pelo amor. Afinal, a coisa mais importante que se pode aprender na vida é amar. E em troca, ser amado.
Moulin Rouge – Amor em Vermelho
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