Pelo menos 15 cadáveres foram encontrados ao abandono na região da Gorongosa, no centro de Moçambique. A área está a ser vigiada por militares, que impedem o acesso a uma vala denunciada por camponeses na semana passada. Quatro cadáveres foram localizados numa pequena savana, a cerca de 200 metros do cruzamento de Macossa para o interior. Os outros foram deixados debaixo de uma ponte junto à Estrada Nacional 1 (EN1), a principal estrada do país, constaram jornalistas da DW África e da agência de notícias Lusa no local. "É verdade, vimos os corpos", disse um camponês, que não se quis identificar. Estavam "a deitar na cova, nós chegámos lá e vimos [os cadáveres] serem comidos pelos passarinhos". Os corpos, em diferentes estados de decomposição, não foram identificados; alguns deles não tinham roupas. Autoridades negam vala, MDM pede investigação É a segunda vez no espaço de uma semana que são encontrados corpos abandonados na região. Na quarta-feira (27.04), camponeses disseram ter descoberto uma vala comum com uma centena de cadáveres localizada na zona 76, entre Muare e Tropa, no posto administrativo de Canda, distrito da Gorongosa, numa área que foi utilizada para a extração de areia para a reabilitação da EN1. Estaria ainda próxima de uma mina de extração ilegal de ouro, entretanto abandonada devido aos confrontos na região entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição. O administrador da Gorongosa, Manuel Jamaca, negou, na sexta-feira, a existência da vala. Apesar do desmentido, a Comissão de Direitos Humanos de Moçambique instou o Ministério Público a averiguar os relatos. O líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido do país, disse estar chocado com as imagens dos corpos abandonados a que teve acesso e exige também uma investigação. Daviz Simango afirmou que uma equipa do MDM seguiu para a Gorongosa, mas não conseguiu chegar ao local da vala comum, "porque está tudo cercado por militares e é preciso muita coragem para circular ali". A polícia da província de Sofala prometeu iniciar uma investigação para apurar a veracidade das denúncias.
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