Desde que o Quatar decidiu retirar as suas tropas da fronteira em disputa entre a Eritreia e o Djibuti, aumentou a tensão entre os dois vizinhos no corno de África. Conflito pode agudizar-se, segundo observadores.A decisão de retirada das tropas do Quatar tem indiretamente a ver com o conflito diplomático que eclodiu entre o emirado, de maioria xiita, e os seus vizinhos sunitas, a Arábia Saudita e outros Emirados Árabes, e também alguns países africanos de maioria sunita, incluindo a Eritreia. O Quatar reagiu imediatamente retirando os seus cerca de 450 soldados estacionados na fronteira entre a Eritreia e o Djibuti, alegando que perdera as condições de servir de mediador no conflito. O Quatar é acusado pelos seus vizinhos árabes, mas também por países africanos como a Eritreia, de apoiar financeiramente terroristas ligados a grupos com o Al-Qaeda. Um argumento pouco consistente que serviu de pretexto para o corte de relações diplomáticas, afrima Annette Weber, perita em questões africanas da fundação alemã Ciência e Política, com sede em Berlim. "O corte de relações entre o Qatar e os países vizinhos nada tem a ver com o financiamento do terrorismo. Toda a gente sabe que as atividades terroristas no corno de África e noutras regiões são financiadas por diferentes países e através de diferentes organizações, que não estão necessáriamente sediadas no Quatar, mas também noutros paíse", explica. Segundo Annette Weber, "é certo que parte do financiamento para a Al-Qaeda e para o Estado Islâmico provêm do Quatar, mas também é certo que países como a Arábia Saudita e outros países do Golfo financiam redes terroristas". "Pretextos" para corte de relações De acordo com relatos da ONU, as milícias Al-Shabab, na Somália, são apoiadas pela Eritreia, que, por sua vez, acusa o Quatar de apoiar o terrorismo. Também o analista etíope Yusuf Yassien acredita que as acusações de que o Quatar estaria a apoiar o terrorimo não passam de um pretexto. Os países vizinhos do Quatar simplesmente não viam com bons olhos a crescente influência do pequeno, mas rico Quatar na região, afirma. "O Quatar estava a desenvolver boas relações, tanto com a Eritreia como com o Djibuti, e isso não agradava aos vizinhos", refere o especialista. "Agora tudo voltou à estaca zero. Voltámos ao ponto em que estávamos há dez anos. A crise no Golfo Pérsico atingiu, de facto o continente africano".
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