O Presidente angolano é, para já, o único candidato à chefia do partido no poder. O prazo para candidaturas foi alargado, mas duvida-se que dos Santos enfrente concorrência. "É uma fragilidade", comenta um analista. José Eduardo dos Santos é, até ao momento, o único militante que oficializou a candidatura à liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Previa-se que o prazo de entrega das candidaturas terminasse na segunda-feira, dia 30, mas não apareceu mais ninguém para disputar o cargo. "Até à data em que eu falei não tínhamos qualquer outra candidatura, além da candidatura do camarada presidente José Eduardo dos Santos", afirmou o vice-presidente do partido, Roberto de Almeida, no fim-de-semana. A receção de candidaturas continuará "em aberto" até ao final do mês de junho. Os candidatos têm de recolher, no mínimo, 2.000 assinaturas. As candidaturas únicas parecem continuar a ser a regra no seio do MPLA e não apenas na corrida à presidência do partido. Nas conferências provinciais dos últimos dias também só tem havido um candidato à liderança – tanto na Huíla, como em Benguela ou em Luanda. Higino Carneiro foi, no último fim-de-semana, candidato único à sua sucessão no cargo de primeiro secretário provincial de Luanda. Acabou por ser reeleito pela maioria dos delegados presentes na XII conferência provincial. Candidato único é "fragilidade" "O MPLA podia elencar o grau de democraticidade como um elemento de bandeira a apresentar nas próximas eleições de 2017. Mas não pode fazê-lo, infelizmente, por causa desta situação que estamos a viver", comenta o jornalista angolano Alexandre Neto Solombe. A oposição está em vantagem a esse nível, refere. "A CASA-CE [Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral] já anunciou que vai ter um congresso com candidaturas múltiplas e esta é uma bandeira que vai apresentar. A UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola] já vai no terceiro ou quarto congresso com candidaturas múltiplas". A incapacidade do MPLA em apresentar mais candidatos à liderança representa, segundo Solombe, uma "fragilidade que ameaça o partido no poder". Mas não haverá um ambiente favorável a isso no seio do partido, conta o jornalista. "José Eduardo dos Santos, que é o cultor da corrupção interna [no MPLA], conseguiu anular o posicionamento contraditório" de várias figuras, diz – seria esse, por exemplo, o caso do ministro dos Transportes, Augusto Tomás, ou dos antigos primeiro-ministros Lopo do Nascimento ou Marcolino Moco. "Atualmente, se José Eduardo dos Santos quiser colocar o filho ou a filha [na liderança do MPLA], isto vai ser acolhido com aclamação no congresso do partido. Não haverá dificuldades", afirma Solombe. Os militantes do MPLA deverão eleger o presidente do partido e preparar as eleições de 2017 durante um congresso entre 17 e 20 de agosto.
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