Nome do novo Presidente de Cuba é anunciado esta quinta-feira. Miguel Díaz-Canel, atual vice-Presidente, é o provável sucessor de Raúl Castro, irmão mais novo de Fidel Castro, que aos 86 anos abandona o cargo.Díaz-Canel, de 57 anos, foi o único candidato proposto na Assembleia Nacional do Poder Popular para encabeçar o órgão máximo de governação do país, o Conselho de Estado, uma candidatura que será agora submetida à votação da recém-constituída Assembleia. Ao reunir-se para uma sessão de dois dias para votação do nome do candidato e nomeação do novo Presidente, o Parlamento cubano iniciou uma transição histórica, após seis décadas de poder exclusivo dos irmãos Castro. Na presidência de Cuba, Raúl Castro efetuou uma série de reformas outrora impensáveis, como a abertura da economia à pequena iniciativa privada, e, acima de tudo, uma bem-sucedida reaproximação ao antigo inimigo norte-americano da Guerra Fria. Mas manteve-se realista. "Não nos devemos iludir. Temos muitas diferenças. A história dos nossos países é complicada, mas estamos prontos para conversar sobre tudo - com paciência", disse o líder cubano. Relações com EUA arrefecem O clima na ilha caribenha oscila entre a esperança por uma sociedade mais aberta e a frustração com o arrefecimento nas relações com os Estados Unidos da América (EUA). Em 2015, Cuba e os EUA reataram relações diplomáticas e, no ano seguinte, o então Presidente, Barack Obama, fez uma visita histórica à ilha. Ao clima de festa seguiu-se, no entanto, o luto. A 25 de novembro de 2016, Raúl anunciou na televisão estatal a morte do irmão Fidel Castro, "comandante da Revolução Cubana". Cautelosamente, Raúl Castro tentou reformar o rígido sistema económico: permitiu mais trabalho aos trabalhadores independentes, dispensou funcionários públicos e promoveu o turismo. Governou um Estado à beira do abismo económico. Mas desde a chegada à Casa Branca do magnata republicano Donald Trump, a normalização de relações entre os dois países foi alvo de uma travagem brusca - e amarga para Raúl Castro, que perdeu, assim, o que seria uma das heranças mais preciosas de seu Governo. Nova era Há cinco anos, Raúl Castro havia anunciado que abdicaria em 2018. Outro momento histórico: nenhum Castro nem ninguém que tenha participado da revolução governará Cuba. "Uma nova era já começou. Os jovens estão a ocupar posições em toda a parte, no partido e nas forças armadas", afirma o historiador Enrique López Oliva, que vê grandes mudanças na ilha. "Os velhos generais estão reformados e a nova geração tem uma outra mentalidade. Acredito que, mais cedo ou mais tarde, Cuba terá um sistema pluralista. O que acontece é que ainda há pessoas que temem o pluralismo", lembra. Miguel Díaz-Canel celebra 58 anos na sexta-feira (20.04). O provável novo Presidente de Cuba não tomará decisões sozinho, uma vez que Raúl Castro quer permanecer no comando do Partido Comunista por mais três anos.
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