Portugal preparou com celeridade a visita de Estado do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Angola, que se inicia esta terça-feira (05.3). Para empresário ouvido pela DW África, ocasião é um "virar de página".Portugal preparou escrupulosamente e com celeridade esta visita de Estado do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Angola. Isso, cerca de quatro meses depois do chefe de Estado angolano, João Lourenço, ter visitado oficialmente Portugal, como marco simbólico do fim do mal-estar que imperou nas relações político-diplomáticas entre os dois países. A controvérsia prendia-se com o processo-crime movido pela justiça portuguesa, e que envolvia o ex-vice-Presidente, Manuel Vicente. Agora, a deslocação do Presidente português a Luanda constitui oportunidade para mais um encontro, ao mais alto nível, e visa dar força aos mais de uma dezena de acordos bilaterais assinados em Lisboa nas áreas da justiça, turismo, engenharia, cultura, saúde, educação, juventude, ambiente e ciência. "Estreitar a fraternidade" Dias antes de deixar Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse à DW África que esta visita será uma ocasião para estreitar a fraternidade entre os dois Estados, baseada no espírito de diálogo entre os povos e países irmãos que falam português. "Estarei na semana que vem em Angola com o mesmo espírito, que é estreitar a fraternidade entre povos, estreitar a fraternidade entre pátrias, estreitar a fraternidade entre Estados. E, se os Estados souberem acompanhar aquilo que os povos sentem, não tenho dúvidas que será um grande momento", disse. Entre os que acompanham o chefe de Estado português, estão os ministros da Agricultura, Luís Capoulas Santos, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Falando também à DW África, o chefe da diplomacia portuguesa enalteceu a visita, pela sua "agenda muito rica", e que, segundo o mesmo, marca "mais um passo no estreitamento do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola". "Teremos três ou quatro dias de atividades intensas, em diferentes cidades e províncias angolanas - não apenas na capital. Esta foi uma visita concebida e preparada de forma a que a agenda valorizasse todas as dimensões atuais da cooperação entre Angola e Portugal". O chefe da diplomacia portuguesa salientou as áreas da soberania, da cooperação para o desenvolvimento e económicas, e explicou que "haverá um fórum empresarial muito importante em Benguela – e, naturalmente, o Presidente da República [de Portugal] contactará com a vasta comunidade portuguesa residente em Angola". Empresas portuguesas Embora não conste na agenda, um dos temas que certamente merecerá seguimento prende-se com a dívida do Estado angolano às empresas portuguesas. Segundo afirmara em Lisboa Manuel Augusto, ministro angolano das Relações Exteriores, essas dívidas não foram totalmente saldadas a tempo devido às dificuldades momentâneas de tesouraria resultantes da crise económica e da queda do preço do petróleo. Por sua vez, o diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Central de Cervejas (SAGRES), Nuno Pinto Magalhães, considera que a visita do Presidente da República Portuguesa a Angola é "é um virar de página de diálogo, de cooperação, de pragmatismo, que será benéfico para Portugal e para Angola". "Resolvidos os problemas que tinham que se resolver – as tais pendências irritantes – eu acho que o assunto está perfeitamente potenciador de sermos grandes parceiros económicos. Temos todas as razões para o ser", explicou o diretor de Comunicação da SAGRES. Segundo Pinto Magalhães, Angola é um mercado com grande potencial, onde a empresa já produz localmente em parceria com a Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (SODIBA). Por isso, diz ver como "um bom sinal" a visita do Presidente português ao país africano de língua portuguesa.
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