Reeleito para o quarto mandato com 76,67% dos votos, numas presidenciais sem surpresas, Vladimir Putin agradeceu aos eleitores perto do Kremlin. "Estamos destinados ao êxito", proclamou. Oposição fala em irregularidades.O atual Presidente da Rússia, Vladimir Putin, obteve 76,67% dos votos nas eleições deste domingo (18.03), que contaram com uma participação de 67,4%, segundo os resultados oficiais. De acordo com os últimos dados da Comissão Eleitoral Central, Putin obteve o apoio de 56,1 milhões de cidadãos, mais 10,5 milhões que na eleição de 2012, quando regressou ao Kremlin após um mandato de quatro anos como primeiro-ministro. Vladimir Putin proclamou a sua vitória eleitoral durante uma celebração ao ar livre perto do Kremlin: "É o reconhecimento daquilo que fizemos nos últimos anos, em condições muito difíceis. Vejo confiança e esperança de que continuaremos a trabalhar com a mesma responsabilidade e eficácia. Aguarda-nos o êxito!". Cerca de 110 milhões de cidadãos foram chamados a escolher o líder político do país nos próximos seis anos. O Presidente russo agradeceu a quem votou na sua candidatura, permitindo a reeleição para um quarto mandato, que deverá prolongar-se até 2024. "Precisamos desta unidade para avançar. Vamos pensar no futuro da nossa grande pátria", sublinhou. "É o dia mais maravilhoso para todos os russos, para toda a humanidade. A nossa nação é o centro da paz no mundo e o nosso Presidente é o melhor do mundo", ouviu-se nas ruas de Moscovo. "Haverá estabilidade, sei o que traz o amanhã", disse outro eleitor na capital russa. Denúncia de irregularidades A oposição russa e a organização não-governamental (ONG) Golos denunciaram milhares de irregularidades durante as eleições, visando sobretudo aumentar a participação no escrutínio. A ONG especializada na vigilância das eleições diz ter recebido dezenas de queixas tais como mudanças de última hora nas listas eleitorais e trabalhadores obrigados a votar pelos patrões. Também o principal opositor, Alexeï Navalny, afastado da eleição devido a uma condenação judiciária, acusou o Kremlin de insuflar a mobilização através de fraudes nas urnas e transporte em massa de eleitores. Já o candidato comunista, Pavel Grudinin, que atrás de Vladimir Putin nas eleições, com 12,2%, fala num processo "injusto". "Infelizmente, Alexei Navalny estava certo e é possível votar duas ou três vezes. Vimos casos destes em Moscovo", lamentou. Grupos da oposição planeiam uma manifestação para esta segunda-feira (19.0) na capital russa. Nova Guerra Fria? As eleições ocorreram num momento em que a Rússia é alvo de sanções britânicas, em reação ao envenenamento em Inglaterra do ex-agente duplo russo Serguei Skripal - um caso que parece confirmar o regresso de uma nova Guerra Fria desde que Putin voltou ao Kremlin, em 2012. O conflito sírio, a acusação de ingerência nas presidenciais norte-americanas e a crise ucraniana, com a anexação da península da Crimeia, são cenários que têm justificado um crescente clima de tensão, com a adopção de duras sanções internacionais pela União Europeia (UE) e Estados Unidos. Segundo a Comissão Central de Eleições, Putin obteve mais de 90% dos votos na Crimeia, onde os habitantes participaram este domingo, pela primeira vez, em eleições presidenciais russas.
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