Chamam-lhes pedicuristas ou "moços que tratam das unhas”. São geralmente homens, com idades entre os 15 e 35 anos e que encontraram na arte da pedicure e manicure, uma forma de enfrentar as dificuldades financeiras.Os primeiros "salões móveis" começaram a percorrer o país em meados de 2007, segundo avançaram as nossas fontes. Dez anos depois, os "pedicuristas" são uma realidade em todo o território nacional angolano. Munidos de dois banquinhos, toalha e uma cesta com vários materiais - corta unhas, pé de cabra, lima, produtos de higiene e desinfetante -, os profissionais percorrem as estradas à procura de quem quer cuidar de si e não se quer deslocar a uma salão de beleza convencional. Dizem que prestam trabalho de qualidade a preços ao alcance de vários bolsos. A DW África acompanhou o dia-a-dia de dois jovens que encontraram neste ofício o seu ganha-pão. A atividade entrou na vida de Celestino Panga, de 24 anos de idade, há cerca de quatro anos, na cidade vizinha do Huambo. Afirmando que foi influenciado por um amigo, o jovem explica que se começou a dedicar à "pedicure" "por falta de dinheiro". "Pedi ao meu irmão, que já desenvolvia a atividade, para me ensinar ", acrescenta. Atividade rentável Os preços praticados oscilam entre os 400 e 500 kwanzas, o equivalente a dois euros por cliente. Celestino Panga admite viver da atividade que considera rentável, sobretudo aos fins de semana, altura em que consegue faturar entre sete e dez mil kwanzas, ou seja, entre 36 e 51 euros. "Já nos ajuda muito. Há dias em que conseguimos fazer cinco, sete ou oito mil [kwanzas], como há também aqueles dias em que não conseguimos nem sequer 500 kwanzas”, conta. Ernesto Vieira, de 28 anos, deixou o seu trabalho na cidade do Cunene para se fixar no Bié. Tal como Celestino, encontrou na "pedicure” o seu sustento, bem como o da sua família. "Trato isto como o meu emprego, ganha-pão, e por isso, seguro-o com as duas mãos, porque é esta atividade que garante o sustento diário da minha família que está no Cunene”, explica. Em entrevista à DW África, "Rasta" - como é conhecido entre os amigos Ernesto Vieira – garante que a questão da higiene e a esterilização do material usado é uma preocupação constante dele e dos seus colegas. "Trocamos de lima, pé de cabra e, no final do trabalho, se o cliente quiser levar o material leva”, afirma. Clientes satisfeitos Domingas Pedro é um dos clientes destes "pedicures" e reconhece a qualidade e o bom preço pelo trabalho realizado. Na sua opinião, outros jovens que se encontram no desemprego devem abraçar este ofício que pode ajudar a solucionar parte dos problemas financeiros que enfrentam. "Gostei do tratamento. Cobram mais barato e tratam muito bem. Foi por esta razão que os procurei. Outros jovens desempregados deveriam também seguir o exemplo", dá conta.
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